Antes de começar a expor o Evangelho de Marcos convém analisarmos o personagem histórico e sua trajetória no texto do novo testamento.
Desde 140 dc a maior parte dos estudiosos atribui a autoria
a João Marcos citado no livro de Atos como sobrinho de Barnabé e estopim de uma discussão e posteriormente separação
ministerial entre dois grandes servos de Deus.
É também antiga a tradição que coloca Marcos com interprete
de Pedro e sua vivência com Jesus Cristo. Ao que parece os fatos são narrados
sem uma intenção histórica ou muito menos cronológica dos feitos de Cristo sem
com isso no entanto comprometer a veracidade de
cada narrativa. Como afirma
Ryle: “ Cada palavra registrada por Marcos foi ‘inspirada por Deus’ e cada uma
delas é ‘útil”.
Convém também dizer que quando Marcos escreve não dispõe de
tantas fontes como ocorre com Mateus, Lucas e João, o que faz desse
Evangelho uma obra singular que não
focaliza nascimento ou infância de Jesus ( mas dá atenção especial a família
dele ) mas vai direto ao ponto chave de sua obra redentora.
Vamos observar duas fases da vida de Marcos. Na primeira
fase temos um jovem “vocacionado” cheio do ardor missionário que decide ir ao
campo pioneiro para anunciar Cristo, mas depois de passar por uma ou duas
cidades resolve abandonar o grupo e retorna para Jerusalém.
Ele fica sabendo de uma tentativa de apedrejamento em Icônio
que mesmo frustrada com a fuga para região da Licaônia, logra êxito com a
persistência dos judeus de Antioquia que se deslocam para lá e persuadem as
multidões a faze-lo, chegando a considerar Paulo como morto tamanha a gravidade
dos ferimentos. (At 14.5,19 ) e isso seria um fator decisivo para o seu desejo
de ir ou não na segunda viagem missionária.
João Marcos também fica a par da volubilidade da multidão
que em um momento exalta e em outro apedreja (At 14.11,19 ).
Após tudo isso Paulo e Barnabé resolvem ir para Derbe e
posteriormente retornar a “via crucies” de Listra e Icônio. João Marcos deseja
ir.
Barnabé, entendendo o que se passou com Marcos, o convida
para a segunda viagem ao lado de Paulo. Mas quem levou as pedradas não acha
razoável dar uma segunda chance ao “fraco” João Marcos. E nem mesmo o filho da
consolação o convence do contrário, aliás, houve desavença (paroxusmo.j incitação, incitamento,
irritação) entre o discipulador Barnabé e o discípulo Paulo.
Essa é a primeira fase. Uma fase de esquiva, de reprovação
da parte de Paulo, de um Barnabé que resolve investir. ( imagino que ele pensou
“ se Saulo teve jeito, João Marcos será mais fácil”).
Aplicação: Você já teve momentos assim em sua vida? Em que faltou a persistência e
o ânimo ou foi impedido de continuar um trabalho, curso, sonho? Você precisa
ter o entendimento correto do que é fracasso. Você vê Marcos como um
fracassado? Se sim, então você também se vê como incapaz que ir até o fim na
busca por realizações pessoais e principalmente na obra de Deus. O servo de
Deus sempre terá altos e baixos, lutas, recuos, avanços mas em todas estas
coisas seremos mais que vencedores ( Romanos 8.37). A Vitória é estar sempre buscando a vontade de Deus, lidando com o
fracasso com o auxilio do Espirito Santo.
Mas e depois?
Ao que me parece, Barnabé segue com Marcos lhe auxiliando e
mostrando seu maior valor, aquilo que Deus o separou para ser. Um companheiro (Cl 4.10 ), Um cooperador ( Fm
24 ) e alguém muito útil ao ministério paulino ( 2 Tm 4.11 )
E finalmente temos um instrumento de Deus para o registro do
primeiro Evangelho. Um companheiro de Pedro, talvez o seu melhor discípulo e
intérprete.
Aplicação: Como é bom ser ensinável, como é frutífero estar junto de instrumentos
de Deus. O ser humano é altamente influenciável e por isso devemos procurar
tutores servos de Deus. Naquele momento mais crítico de sua vida precisaremos
de um “Barnabe” ao nosso lado. E as vezes seremos Marcos e outras seremos Silas
ou Timóteo, seja qual for a circunstância, não somos chamados a reclamação ou murmuração mas a Disposição do
Espírito de Deus.
Conclusão:
Recuar as vezes nos ensina a valorizar o que perdemos. Se
esse foi o caso de Marcos, temos em sua persistência a prova de que ele
aprendeu a o valor da obra missionária. Ele se coloca a disposição
incondicionalmente e se torna um grande cooperador de Paulo e escritor do mais
antigo documento a respeito de Cristo.
Embora tenhamos nossos momentos “Paulo” com os “Marcos” que
aparecem em nosso caminho, precisamos ser mais “Barnabés” e assim permitir que
surjam grandes instrumentos de Deus. Mesmo que sejamos criticados por fazermos
algo, não devemos desistir de cara. Claro que é importante ser autocritico,
para não sermos negligentes ou ignorantes como discípulos de Cristo mas atentos
sempre (1 Palavra) ao que a
Escritura diz a respeito, (2
Discipulador) termos a tutoria de um “Barnabé” pode garantir uma boa
orientação e (3 Serviço)
encontrarmos o nosso “Pedro” para sermos seu assistente.
Sejamos incansáveis na busca de nosso lugar no grande Reino
de Deus. Compete a cada um de nós essa busca. Nossos dons vão dando dicas de
que espaço Deus reservou para nós na sua Igreja. O caminho que trilhamos nessa
busca é cheio de altos e baixos, de aprovações e reprovações, mas é abundante
da presença de Deus.
Se você ainda não se encontrou no Reino de Deus, não perca
mais tempo e energia. Aja.
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